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sábado, 29 de outubro de 2011

A vida em um flash.


O ano passado passou tão apressado / eu sei que foi um corre-corre-corre danado….
E pensar que Rita Lee gravou esta música, Corre-Corre, há 30 anos, quando nem corríamos tanto assim. Ou será que esta impressão de vivermos com pressa vem desde sempre?
Tudo do que reclamamos hoje já foi reclamado um século atrás, e não duvido que daqui a cem anos as pessoas digam: “No início dos anos 2000 a vida era tranquila, não havia esta urgência de hoje”.
Eu não sei quais serão as urgências futuras, mas conheço bem as nossas. Temos relógios digitais espalhados pela cidade nos lembrando que faltam 10 minutos para a reunião começar, sete minutos para o banco fechar, dois minutos para a aula do seu caçula terminar: o que você ainda faz aí, no meio da rua? Corra.
Se não são os relógios, são os espelhos. Impiedosos, avisam: você não tem mais 15 anos. Nem 20. Nem 30. Se quiser ter um filho, apresse-se. Não importa que ainda não tenha encontrado um amor estável, arranje qualquer pessoa, mas, simplesmente, apresse-se.
E o espelho segue avisando: você não tem mais 35. Nem 40. Nem 45. O futuro está encolhendo a sua frente. O que está fazendo aí parado no mesmo casamento, parado no mesmo emprego, parado em frente à tevê? Reparou como todo mundo se diverte lá fora? Não sabe que vai morrer um dia?
Sim, sabemos que não somos eternos. Os telejornais não fazem outra coisa a não ser nos lembrar disso, mostrando cenas sortidas de violência e cultivando nosso medo dia após dia. Ou então são os manuais de autoajuda e matérias de revistas que ordenam: aproveite o momento, aproveite a vida! E aproveitar a vida passou a ser sinônimo de algo que tem que ser feito emergencialmente, ou você estará jogando a vida fora.
Calma.
Nem sempre é rentável esta economia de tempo: chegar mais rápido, fazer mais rápido, consumir mais rápido. O que sobra em nossas mãos? Coisa nenhuma. Nem mesmo a lembrança do que foi realizado, só uma vaga sensação do dever cumprido, como se fôssemos soldados a serviço do calendário.
O que valoriza nossas ações não é a ansiedade: é a entrega. E entrega requer um certo relaxamento. Tempo para falar, para ouvir, para fazer, para desfazer, e fazer de novo, até acertar. Tempo para si, para o outro e para o nada.
Fazer nada virou a tarefa mais angustiante para o ser humano esquizofrênico de hoje. Não é à toa que há um bom número de pessoas que prefere não tirar férias: como preencher um dia livre? Nesta cultura atual do “não desperdício”, pobre daquele que deitar o corpo no sofá, colocar uma música para tocar e desligar o telefone. Terá que se entender com a culpa.
Dedicação, cuidado, foco, tudo isso demanda uma certa introspecção. Um pouco de resguardo. Conectar-se com os próprios pensamentos e emoções é exercício dos mais produtivos. É quando a gente, em silêncio, encontra as respostas para nossas inquietações e descobre os melhores caminhos para atingir nossos objetivos.
Pressa exige atenção para o lado de fora, apenas. E o lado de dentro? Neste corre-corre danado, talvez o que mais estejamos fazendo é justamente perder tempo.

Martha Medeiros

domingo, 11 de setembro de 2011

Até aonde você quer chegar?


Daqui a exatamente três dias assoprarei as velilhas. Deixarei de ter 15 para passar aos 16. Para alguns isso é apenas números, a quantos dias ela respira. Para muitos o dia em que completam mais um ano de vida é sinonimo de festa, para outros é um dia de isolamento, de reflexão, e ainda existem aqueles que acreditam no fim. Me encontro nas três opções.
Festejar pela vida, pelas fotografias que hoje estão na minha parede. Pessoas que encontrei, que apareceram, que me fizeram chorar, que já não estão mais aqui. O sorriso e a pureza daquele que amou, que se doou, e que deixou ser alcançado por uma lente fotográfica, registrando o sorriso mais puro e singelo do mundo. Meu avô.

Enquanto escrevo isto converso no msn, web can ligada (para uma amiga que mora distante, nem tão distante assim, Embu da artes, dizem que a feira artesanal de lá é tudo, nunca fui!), fico no facebook, entro na caixa de entrada, saída, reviro minha agenda do celular, releio a mensagem de boa noite que vou mandar a um amigo, um idiota (idiota por estar longe. Me entenda não digo distância, pra isso se dá um jeito, assunto que daria um outro texto. O idiota que tem o melhor beijo!). Fragmentos de uma canção do Nando Reis ("N"), e o escambau. Me distraiu daqui, e volto sem ter as palavras que tentava encontrar. Comecei esse texto as 22:52 e agora já passa da 00:00 (00:04). Agora não faltam mais três dias, e sim dois. Mais faltam quantos dias para eu saber até aonde quero chegar?

Eu quero chegar a uma boca que salive apaixonadamente um beijo meu. Eu quero chegar a ver o amanhecer de um domingo, pensando, decorando um texto com palavras marcadas que seram esquecidas ao pedir ou desculpar um alguém. Recuar. Perdoar. Saber que é mais um dia que se inicia, uma nova semana, um novo recomeço. Apreciar o que um dia vi minha mãe apreciar em uma sala de hospital, a natureza como diz ela (seria o céu, o amanhecer ok? Mais pode ser um filho também, desde que eu seja uma mãe como ela).
Eu quero estudar um idioma apenas por achar graça em seu sotaque (italiano ou francês quem sabe?). Tocar violoncelo para passar o tempo e encher os olhos de alguém, e começar na semana que vem aulas de violão com um tio. Viajar sozinha e acompanhada. Quero sair do Brasil, chegar a acreditar que sou burra por não compreender o idioma falado por algum grupo de amigos ou um casal ao lado (é claro que vou me achar, não falo outro idioma. Ainda não). Ser turista. Quero poder chegar a receber um amigo estrangeiro em minha casa. Hospedar pessoas em minhas relações, em minha vida. Ser a anfitriã. Ensinar ao tal gringo o que é samba. Me arriscar. Sambar de salto alto e de pés descalços, é festejar e caminhar sem ter medo de errar. Até a onde quero chegar? Eu quero chegar ao longe. Ir além daquilo que me mandarem fazer no meu trabalho. Encontrar calmaria em um abraço, servir de travesseiro e cobertor. Andar de balão. Quero ir além de um conselho, as vezes me alto aconselhar. Quero ir além. Mergulhar em um olhar e me encontrar. Até aonde a gente deve chegar?

Amanhã é o dia do meu aniversário (daqui algumas horas), e eu sei que vou passar o dia inteiro em casa, e eu sei que os maiores presentes serão as ligações de pessoas distantes (ai de vocês se não me ligarem !). Não me importa quantos anos ainda me restam. Não me importa se amanhã eu finalmente engordar, se minhas rugas aparecerem, se a pressão arterial subir, se a velhice chegar. Que ela chegue, com fé em DEUS!

Eu não sei até aonde eu quero, devo chegar. E você sabe a que caminhos sua vida tem que passar? Mas eu sei que com 24, 35, 48, 77, 86 ... que seja, vou viver, vou sorrir verdadeiramente como ele (avô) sorriu, vou marcar pessoas, "vou deixar uma marquinha no mundo!", sendo o que sou.

Existe uma música (A música) que amo, Once When I Was Little (Uma vez, quando eu era pequeno), do britânico James Morrison. Além de curtir muito a voz desse cara, a letra é tudo.Então finalizo esse texto com fragmentos desta música:

"Permaneça jovem o tanto que puder, por um bom tempo, porque esses dias passaram voando, como uma brisa que somente passa."

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Better Morning


Fazia um bom tempo em que eu não dava as caras por aqui, talvez por falta de tempo, de vontade, de animo mesmo, ou talvez porque a maioria das coisas que estou acostumada a ter não me satisfaçam por muito tempo. É, só de olhar pra parede do meu quarto que sinto um enjoo. Esse lilás está me matando. Quando era branco.. "Pai eu quero lilás!", mas agora eu quero BRANCO novamente, não posso?
É intrigante como me comporto diante algumas situações. Ou eu quero muito algo, ou eu realmente não o quero. Acho que isso é normal de todo mundo né? (diz que sim !)

Posso ser louca ao dizer que alimento as minhas nostalgias. Sim! Eu as alimento! E isso ora me sufoca ora me tira sorrisos. Não vejo problema algum em relembrar momentos, pessoas, sentimentos (sejam eles bons ou ruins), clichê, mas sabemos que ambos contribuíram para o nosso desenvolvimento. Só não podemos nos agarrar a estas tardes, e esquecermos que outros dias então por vir.

Eu queria vir aqui e colocar tudo pra fora, jogar, fazer com que as palavras dessem sentido ao que estou sentido. Mas sabe, eu sei o que sinto (ou não) e mesmo que esse texto fique uma merda, e que por ventura você o leia, acho que percebeu que quando eu escrevo não me controlo né! Meus dedos doem até hoje depois daquela mensagem. Mas sabe de outra coisa? Não me arrependo de tê-la mandado. Ah eu falei mesmo, nem pensei, falei o que sentia no momento (como agora) não me contive, e foi bom. Depois de pensar com a razão durante um ano, foi bom agir por um dia com o coração.
Na mensagem eu falava de tantas coisas, sobre nossas manhãs, a quinta (que não foi um dia de quinta), algo sobre valores (transparência e verdade), o que me lembrava você, que não esqueceria você, algumas bobagens e mais algumas outras coisas. Ah, e aquilo não foi uma declaração!

Nenhum dos meus momentos com você foi pensado. Nossas conversas de manhã, as músicas, cada palavra, cada mensagem, cada toque, cada beijo dado aquela noite. O nome do ônibus que me fugiu da memória quando já íamos embora. Ainda bem que o esqueci lembra? "Minutinhos a mais com você!".
Saiba que com você (diferente dos outros) tudo foi natural, sem presa, sem medo... Eu me apaixonei por quem você é! Teu jeito desligado, que assoviava pelos corredores da empresa, sem se importar com quem estivesse por perto, esbanjando bom dia e felicidade, imagens que por diversas vezes eu vi sem você perceber . Teu jeito seguro de si, como um verdadeiro leonino que é. Teu cabelo, Teu cheiro... Sim, eu amei você seu idiota. E estou rindo ao escrever isso, porque você me faz sorrir, minha defesa lembra? Como os arrepios que sentia sem saber se eram algum tipo de alerta para recuar ou atacar.

É obvio, como diz a música "os dias passam, e como tempo, não iram voltar." Como uma antiga docente disse uma vez nos agradecimentos de formatura (não lembro claramente as suas palavras, mais dizia algo do tipo ) pessoas são como os ventos. Elas vem. Algumas mais lentamente como uma brisa, outras fortes como uma ventania, ambas trazendo consigo teu jeito, tuas historias, teus gostos, conhecimentos, teus defeitos, e mais um monte de coisas que as fazem... e pedacinhos de outras pessoas. Porque a vida é assim. Nós somos assim. Pedacinhos de cada um que encontramos ou esbarramos por ai. Somos feitos de um verdadeiro mosaicos. Independente do local. Da distância. Interligados. Ubuntu. Pra todo sempre (como dizia você). Os ventos vem e vão.

E você? Ah! Você esta em um lugar insignificante, porém importante do meu mosaico. Fez parte da minha vida, mesmo estando nela por pouco tempo. Algumas manhãs e uma única noite. E é só isso que me importa.

É, só não entendo como pode se dizer a alguém "Estou te amando !" e sumir.

ps: apenas mais um beijo. Você prometeu ><

Sem mais.