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domingo, 27 de junho de 2010

O outro lado


E lá estava eu, parada diante da ponte. sabia que era o certo atravessá-la, mas ainda sim não conseguia olhar para atrás sem me sentir culpada, sem que faltasse um pedaço de mim. Sei também que minha presença de nada adiantaria, eu não estava ali de verdade, não podia abraçar a quem amava, não podia fazer nada para ajudá-los. Só poderia olhar, e me contentar com aquilo.
Mas porque dizer adeus, porque botar um fim? Não me importaria de passar o resto da... como poderia chamar? sub vida ou existência, algo do tipo. Não teria mais um lugar pra chamar de lar, não teria mais ninguém com quem conversar, não teria mais uma vida.
O que me esperava do outro lado no entanto era muito menos obscuro ou triste, era na verdade a pura paz e alegria, pelo menos era o que havia escutado. Era irónico falar, mas não podia ficar ali pelo resto da "vida" escolhendo o caminho certo, tinha que me decidir, agora.
Uma vez que se ia, não podia mais voltar. Uma vez que ficava, tinha que ficar para todo o sempre. E então os vi, ali, sentados no banco do parque, as duas pessoas que mais amei em toda a vida, minha pequena criança, meu grande amor. Queria correr e abraça-los e nessa hora decidi que o certo era ficar.
Mas os vendo ali, com sorrisos melancólicos, trocando segredos, como costumavam fazer vi que de nada adiantaria permanecer, querendo uma realidade que já me fugia das mãos.
Sem olhar para trás, sem mais hesitações, parti.

Chorei lendo esse texto, (ouvindo life house- you and me). É da Rafaela, do blog Imagínaríum. Recomendo.

http://imaginarium96.blogspot.com/

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