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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Intacto


Alice saiu apressada de sua sala, sem despedir-se ou esbravejar. Ninguem a entendeu. Mas ela saiu para nunca mais voltar.
Aquele dia era o fim. O fim de seus sorrisos, para os que amava. O fim de seus olhares não correspondidos. O começo da liberdade. Não aquela adiquirida aos dezoito. Pois estava nos quinze. Apesar de já ter adquirido essa tal liberdade, desejada por muitos.
Estou falando da verdadeira liberdade. Da interior. De não esconder o que se sente. De ser realmente o que é, pra si mesma, e para os outros. Sem se esconder e contestar. A que agente as vezes insiste em não adquirir.

Pegou o ônibus, sentou-se ao lado da janela com os fones no ouvido, e as lágrimas nos olhos.
Alice não podia mais ser o que era. O que tentava ser, e não conseguia.
Sonhar com algo que estava tão próximo, embora não dava um passo para alcança-lo.

Veja ela, como ela é. Tire as sua mascarás. Junte-a aos teus sonhos. Suas palavras a fizeram ver o que o tempo ajudou a esconder. O que a magoa ajudou a se espandir.

Agora Alice via o transito parado, e os caros na mão contraria. Eles estavam deixando-a frustada.
Como pode uns irem tão depressa, enquando outros permanecem intactos?
Ela não entendia. E como entender, se nossos maiores desejos não são saciados pelas nossas maiores vontades.

Um comentário:

  1. NOssa, eu amei *.*

    "De ser realmente o que é, pra si mesma, e para os outros. Sem se esconder e contestar. A que agente as vezes insiste em não adquirir."

    O seu melhor, com certeza

    Beijos

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