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segunda-feira, 11 de outubro de 2010

e se fosse verdade...


Arthur mergulhou na mundo da ausência, com aquele gosto estranho que se instala ao ecoar no pensamento. Ela penetrou, em silêncio, nas suas veias, impregnando o coração que, a casa dia, batia num ritmo diferente do da véspera.
Nos primeiros dias, ela despertou a raiva , a inveja; não dos outros, mas dos momentos roubados, do tempo que passava. A ausência dissimulada, ao se infiltrar, modificava suas emoções, aguçava-as, tornando-as mais cortantes. No começo podia-se acreditar que existia para ferir, mas, longe disso, a emoção sumia seu perfil mais sensível para agir mais intensamente. Ele sentia a falta, a falta do outro, do amor na sua carne, do desejo do corpo, do nariz que procura um odor, da mão que procura o ventre para nele fazer uma caricia, dos olhos que, através das suas lagrimas, não via nada alem das lembranças, da pele que procura a pele, da outra mão que se fecha no vazio, de cada dedo que se dobrava metodicamente no ritmo imposto, do pé que se soltava e balançava no vazio.

Trecho retirado do livro
"e se fosse verdade... - Marc Levy"

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